quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Insano

Viagens etéreas, eternas,
desde sempre, desde nunca,
a razão dos começos é o próprio fim.
Os meios não justificam os inícios,
e aos fins, que lhes importam os meios?
Nos cantos dos círculos escondem-se formas disformes.
Grita o silêncio, sussura o ódio,
desfaz-se o amor na indiferença.
Arrastam-se tristes nos porões pantanosos,
povoados de vidas revividas.
Sacam forças do âmago do seu ódio
e, do pântano angustiante,
lançam-se às alturas, mesclados a fantoches de carne
para viverem, sorrirem, odiarem, amarem...
Então o amor lhes arranca a essência.
Sem essência são inertes fantoches de pó.
Novamente nos lodaçais, voltam às velhas formas
e ruminam sua penúria.
Misturam-se almas e lama.
Inalam ódio e lançam-se novamente às alturas.
Pela força do ódio sorriem, enternecem, trabalham, amam,
olvidam-se do próprio ódio.
Então o amor os lança novamente às profundezas:
eram fantoches sorridentes,
disformes rangerão dentes,
voltarão a amar irremediavelmente.
Por que o amor insiste fazer-se odiar?