segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Do tempo, do ódio e do amor

Lentamente, o tempo tragou
lembranças, sentimentos.
Devorou ódios, desamores,
lembranças em preto-e-branco,
sonhos mortos, esperanças rotas.
Lançou-os ao fosso da indiferença,
e o que seria vazio
parecia preenchido de amor.
O menino contempla o tenebroso
negrume do fosso.
Seus olhos iluminam o presente
como duas pequenas chamas
na escuridão
("Não há futuro nem temores" - dá-se conta).
Mira o que seria o vazio e sorri.
Não havia um vazio deixado pelas amarguras
das vidas e das esperanças traídas,
porque o que seria vazio é Amor,
é Perdão.
Sentimentos puros do coração do menino
(que se acreditava morto)
dominaram as trevas do ódio
e semearam Luz!
Na face e na voz, percebe-se
a expressão da força do guerreiro,
as cicatrizes das batalhas.
No sorriso fácil, a ternura,
a inocência da criança.
Há uma chama no olhar
do homem endurecido que,
agonizando, sorri.
Sorrindo, revive a felicidade de menino,
redescobre a Fé na Vida e a Esperança
que nunca estiveram perdidas.
Afinal, nunca se perderam de mim! - pensou.
Revive, criança! Renasce, espírito meu!
É tempo de Paz!
Perdoa o mundo, guri!
Minh'alma me perdoou...
(acaso és maior que Deus,
para não perdoar
a quem Ele já perdoou?)
Temos milhões de estrelas
e a eternidade para trilhar.
A eternidade não tem
passado
nem futuro...
Dá-me tua mão, guri!
A jornada é longa.
Vamos brincar com as estrelas...